"la vigne rouge" de van gogh
naquela encosta virada ao sul
plantou meu avô cepa estendal
de uva moscatel com bagos mil
passa em verde amadourada mel
naquela encosta virada ao sul
no outono do verão na vindima
uma cepa moscatel promete mel
obra-prima que natureza anima
naquela encosta virada ao sul
demora um bem
utopia infinita
mora em mim
o silêncio em nada de nada
a não presença do nada
nem tão pouco a ideia do nada
anda de mão dada comigo
até à cepa de moscatel
perdi de vista o caminho
do amor amadourado a mel
Daniel Sant'Iago
23 comentários:
Gosto de perder(me) em mel moscatel...
Beijso.
maria p.
Uma bebedeira... de sentidos!
Daniel querido:
Li essa poesia e ela me pintou um quadro.
Um quadro cheio de sentimentos e lembrancas, com cheiro, com gosto.
Assim sao suas poesias. Elas nos levam, ou nas suas memorias, ou nas nossas...
A paisagem sempre se delineia de uma forma absoluta, e depois da paisagem vem o cheiro, o gosto....posso sentir o gosto em mel moscatel.
E nas poesias que leio, sempre meus olhos colocam em "negrito" algo que em meu coracao se destacou.
E eu citaria nessa poesia:
"demora um bem
utopia infinita
mora em mim"
"Demora um bem"...que curta e linda frase...um bem que demora, eh um sentimento que perdura...
"utopia infinita"...essas duas palavras juntas formaram duas outras: "Sonho sem fim"...
Lindo Daniel!
Voce eh o proprio mel moscatel.
Beijos meu amigo querido que eu tanto amo!
MARY
o silêncio em nada de nada
se o silêncio em nada é tudo
pela negativa se encontra o positivo se eles se completam se de mão dada comigo me perco em utopias...magnificamente!
ps: interessante a escolha de la vigne rouge a única pintura vendida de van gogh em vida.
Hás-de encontrar esse caminho.
Que se fará regresso àquela encosta virada ao sul.
Excelente texto, como já estamos habituados!
mary
Foi a forma de viver o meu Outono de hoje...
ivone
As minhas vinhas douradas de "Santarém" (casta de vinho tinto de parra que o Outono doira...).
E, se contemplasses as parras após a vindima, dirias que Van Gogh pintou por aqui...
luís
"E talvez a vida aconteça no meio de todas estas incertezas." (Luís Rodrigues - O Murmúrio das Ondas).
Talvez, Luís, talvez...
Bonitas palavras a que nos habituas...
Boa semana :)
Beijinho
Outono a sul, caminhos perdidos, música no mel, palavras d'ouro como só tu sabes.
Muito bonito mesmo Daniel.
beijo
D.
ka
Palavras de Outono... que nasceu.
d.
Ser um todo inteiro em Natureza...
fiquei tonta com o cheiro da vindima. Uma vindima de sentimentos, doces como o mel.
Um beijo e um bom dia para ti
é bom recordar coisas boas... :)
incrível como a presença do nada nos remete para a força dos cinco sentidos: a visão do Outono, o aroma das vinhas, o paladar adocicado do moscatel e do mel,o tacto "anda de mão dada comigo" e a música suave das folhas das videiras a «roçarem» umas nas outras ou a cairem cansadas no chão fértil.
Carla
*
"anda de m�o dada comigo
at� � cepa de moscatel
perdi de vista o caminho
do amor amadourado a mel"
Daniel (acada vez est�s mais doce):
Pega a minha m�o...
que te guia_r� at� � cepa de moscatel!
Avista_r�s o caminho do amado_urado a mel!
+um dourado
titá
De paz com a vida.
princípios&fins
Tão bom!
carla
Só... em silêncio!
princesa
Será do Outono?
*
Sim.
... tons e sons,
com sabor a Outono.
+um
Um silêncio reflectido na ausência de palavras.
Bjs Zita
Adoro oscatel e rebuçados de mel.
bjinhos
princesa
Pois são...
zita
Sem ruído...
vela
Bom gosto...
Daniel, parabéns. A música é belíssima (já tocou nos meus blogs, um dia destes volta...).
Recuenco é igualmente fenomenal. Do poema direi que gostava de o ter escrito. Simplesmente!
Um abraço
Mel
Boa semana
Amadurado mel dourado que escorreu dessa pena, e mais aquele que é o travo de um outono a vir, e Schubert a ecoar amamelado em mim.
Belo momento.
mel
Simplesmente... obrigado!
PS: Recuenco é doutro post...
apc
A natureza humana só tem um outono...
A felicidade de o podermos amadourar a mel.
Oui, bien sûr... Doucement!
"Dorement".
(E d'ouro_avante).
apc
Pourquoi pas?
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