sexta-feira, 14 de abril de 2006
sofrimento
in fotogigital 13
Bêbado, assassino,
incólume canino na prisão,
da puta filho e marido cabrão.
Devora-me a ânsia de vingança.
Quero-te retalhos de bisturi:
ali, torresmos a esmo...
brasas, aqui, ao lume...
cinzas negras, aí...
tragadas por cardume!
E, na tua ressurreição e do inferno,
que sejas maldito para a vida eterna !
Destino fatal?
Não há destino fatal!
Há a-bu-so-da-li-ber-da-de!
Lugar, tempo errado, coincidência?
Não-há-co-in-ci-dên-ci-as!
Por que não o teu filho mas sim o meu?
Talvez, então, percebesses que não há erro
no lugar, no tempo e na coincidência.
"Os meus pêsames..."
"Sentidas condolências..."
Não vos proíbo o falar e o choro!
Mas, para quê essas palavras surdas,
moucas, em lágrimas tão ocas?
Se eu chegar a muito velho,
quem me vai alisar as rugas,
aparar a baba,
mudar as fraldas?
Tu? Ou tu? Talvez tu?
E a ti, muito velho também,
quem te limpa o cu?
Alguém?
... estou exausto...
... dá-me um comprimido...
... quero adormecer bem fundo
e
acordar abraçado ao meu filho
porque
as saudades venceram a
vida
daniel
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3 comentários:
Forte, como a dor que enuncia.
O'sanji:
A palavra, por vezes, lavra fundo em mil imagens! Hoje valeu a dor imensa dum amigo.
Beijo dorido.
daniel
Obrigado pelos comentários e pelas sugestões. Já fui ler Almada num poema desconhecido.
Fez-me muito bem... Relembrou-me a minha dimensão de "texteiro".
E... não peça desculpa se não era sua intenção atingir a minha dor.
Abraço.
daniel
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