Excelentíssimo Senhor
Permita que ouse, com simplicidade, dirigir a Vossa Excelência algumas palavras de profunda admiração. A dignidade com que exerce as suas funções não me agrada! Deslumbra-me!
Testemunho vivo do reconhecimento foi a sessão de homenagem na terrinha de Vexa a que tive a honra de assistir. Um honroso convite dos seus amigos, honestos e penhorados, que souberam retribuir-lhe o muito que lhe devem. Quanta energia dispendida na divulgação da festa! Merece!
A palestra que proferiu será inesquecível e digna de edição de luxo. Pecado meu a incapacidade para a compreender. Nem calcula como me penitencio.
Não!
Vossa Excelência é rei, dada a corte que o envolve, mas não vai nu!
Vi-o vestido de fato completo e bem acompanhado por genuíno champanhe francês sobre a mesa da conferência.
Embalado, adormeci ao fixar-me na taça onde o gás borbulhava! Outro pecado!
Mas não me fiz rogado ao aplaudi-lo, de pé e com entusiasmo! Contágio da imensa trovoada de aplausos com que os seus amigos, familiares e conterrâneos, tão grata gente, comprometida com o poder que Vexa exerce, o distinguiram e me acordaram.
Deixe-me que lhe confesse quanto me sensibilizou a naturalidade e a elegância daquele gesto sublime ao levar os dedos aos lábios para evitar que o gás regressasse! Tive pena que o fizesse porque o champanhe era francês e foi sorvido com um melodioso prazer .
Cumprimenta-o com estima.
X...
PS: Permita-me um conselho de amigo convidado.
Não se iniba de libertar o gás do champanhe francês, por cima à frente ou por baixo atrás. Não é todos os dias que a sua corte de colaboradores tão próximos podem usufruir dum aroma tão sonoramente europeu!
Deus guarde Vossa Excelência porque só Ele é infinitamente justo e não consta das Escrituras que alguma vez tivesse tido o nariz entupido.
X...
daniel