michael wertzNão é ficção este relato do dia-a-dia da Kintudê.
Acredita!
A cadelinha foi, durante o ano lectivo,
uma princesa de vermelha trela e de muitos mimos.
Acredita!
Pela manhã, a rafeira era o centro das atenções de
toda a gente, pequena e grande, na importância ou
no tamanho. Daqui um olá. Dali uma festa.
E os latidos soltavam-se como pulos...
Acredita!
Só um menino tinha o dom de ser obedecido:
o tratador de serviço, por uma semana, portador
do relógio a sério, todo amarelo, lindo, único!
Acredita!
No ritual de uma lambidela no amarelo do relógio.
Solta a corrente, trela vermelha na mão,
a Kintudê seguia-o para a sala de aula.
Atada a trela à perna duma cadeira da última fila,
não consta, até hoje, uma queixa de mau comportamento.
Acredita!
Fui parteiro e explicador dum acto de parir...
Os meus olhos viram.
Eu acreditei.
daniel