terça-feira, 20 de março de 2007

só mais um zé


"the camel" de pablo picasso

José, escritor, afirmava, em entrevista, que
trocava o prémio que lhe conferiram os sábios da Academia por mais quinze anos
de vida, esperançado
de o ganhar durante esse espaço de tempo.

Confirmava que, todos os dias,
por inveja, o chamavam arrogante.

Sobre António, outro escritor seu contemporâneo, não gostava de o ler. Porque não. Que não gostava da sua escrita.
"Pronto!"

Não era rico apesar do tal prémio que lhe fora oferecido.
Mas que também não era pobre.

Remediado, digo eu!

lavei o olhar
entre o azul
do mar e do céu
entre o chumbo das nuvens e das águas
entre os borrifos das ondas de sete metros
esmagadas contra os rochedos e as falésias
ontem seriam três
da tarde no cabo carvoeiro

emporcalhara o olhar e a pele dos meus dedos
com tanta tralha que lera naquela entrevista
da página dois do semanário sol de dezoito
de novembro de dois mil e seis sábado

numa entrevista imprevista

Daniel Sant'Iago

10 comentários:

Luís Galego disse...

fantástico ler o que aqui é reproduzido e de inocente não tem nada....

Unknown disse...

Bom dia, Luís Galego!
Nada! Mesmo nada inocente!
Citada a fonte, bastava confirmar... se valesse a pena... este zé!
Um abraço.

lena disse...

Daniel, um bom dia cheio de sol, já com um saboroso cheiro a maresia

este Zé é um "sábio" se existir eu dou-lhe alguns dos meus anos, se isso se pode dar, assim vou eu e fica ele ...

prémios para quê?

entrevista nas ondas

corre o silêncio
nas minhas mãos
estou entre o mar e as rochas
sou a manhã dos sonhos
sem gestos
o sabor a sal
entra-me nas veias

sou filha de todos os dias...


ler-te é um grande prazer, Poeta

é sentir-te nas palavras que deixas

caiem dos teus dedos belos momentos de leitura

abraço-te com ternura

beijos

lena

Unknown disse...

Bom entardecer, Lena!
O tal "José escritor" existe!
Guarda os anos para ti. Por mim, ele não os mereceria...
Poetisa... és tu!

Maria P. disse...

só mais um zé-ninguém.

Um beijo.

inBluesY disse...

e nestas quatro paredes são nove e vinte e oito minutos, de tralha não leio nada.

Unknown disse...

Bom dia, Maria P.
Como todos os outros zés...

Unknown disse...

Bom dia, inbleusy
Que boa sorte a tua...

Isabel disse...

Ainda bem que existem as tuas palavras para nos lavar o olhar e nos matar a sede de beber palavras limpas , palavras que são palavras e querem ser palavras.

Saio sempre daqui com os olhar lavados, a sede de palavras saciada e a mente de portas e janelas escancaradas.

Sopra ar
jorra água

Ainda bem


Isabel

Unknown disse...

isabel
A coerência entre as palavras e os seus "papagaios"... como eu, por exemplo.