sábado, 15 de dezembro de 2007

o presente mole do inácio




Recorte de jornal amarelecido.
Notícia crua publicada em...
Não sei quando!
Não sei onde!
(
Tão importante assim?)

"No Hospital de Belfast, Irlanda do Norte,
uma criança de 12 anos,Carol Kelly, morreu,
na passada terça-feira, devido às lesões de
balas de plástico..."


Não me interessa o lugar...
(
Porque não aqui?)

Não me interessa a data...
(
Porque não ontem?)

Não me interessa o nome...
(
Porque não Carolina?)

Não me interessa o plástico...
(Como se balas de plástico não matassem!)

Tudo isto porque um menino me atirou,
meio a sorrir,
que aquele brinquedo empunhado...

não matava...
não era a sério...
só plástico a fingir...

não disparava...
não eram tiros...
só barulho...

não comprara ele...
não chegavam as moedas do mealheiro...


Foi há 25 anos?
Ainda bem...
(
Hoje já ninguém escarra assim!)
Sou demagogo?
Ainda bem...
(
Sou o único que vegeta por aí!)

Deixem-me rir à gargalhada!

Bom Natal, Inácio!
Que no sapatinho da chaminé

o teu "Pai Natal"
ou
o teu "Menino Jesus"
deixem, embrulhados em papel de jornal,
sonhos com sabores, aguarelas de cores,
verdazuis como o mar e o céu e a flor!

Se te derem uma arma
de plástico,
com gatilhos e balas
de plástico,
devolve-lhes em saco
de plástico,
com um presente mole
e de plástico.

Sujas as mãos mas vais rir à gargalhada!

Daniel Sant'Iago

19 comentários:

Olá!! disse...

Há brincadeiras que matam, palavras que doem e estados de alma que transparecem....
Deixo-te um mimo com as mãos limpas ;)

Maria P. disse...

Forte bala a palavra aqui transmitida, sem plástico .

Não te deixo um presente, deixo-te afecto.

Gabriela Rocha Martins disse...

sublime

deliciosa
mente

sublime

.
.

em dezembro
ou
canto.chão

.

um beijo

Poemas e Cotidiano disse...

Querido Daniel: Os brinquedos que sao dados as criancas, ensinam a matar tao cedo... A violencia propagada tao cedo...
Deveriamos dar a nossas criancas um livro que li quando crianca: "40brinquedos para um dia de chuva"... carimbos com batatas, colorido com suco de beterraba.
O mundo esta se tornando tao violento.
Espanta-me. E me faz ver ate onde somos os proprios culpados.
Um beijo querido
MARY

António Gomes disse...

Humm isso dos brinquedos... eu tive uma pressão de ar antes das metamorfoses todas, hoje em dia sou vegetariano...

Gostei da reflexão aos pormenores temporais e os enche chouriços que mudam a latitude.

Madalena disse...

Não te ofendas se chamar a este "um poema útil". Não é só isso, claro, mas também.

Das poucas coisas em que fui intolerante no Natal ou fora dele foi em nunca dar, ou permitir que dessem, armas às minhas crianças. No entanto, as crianças que vêem os filmes feitos por "adultos" fazem de um dedo apontado uma arma letal...

Mas vale a pena nunca desistir.

Beijo.:)

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Daniel

concordo...

Anónimo disse...

...e com estas palavras voei até outros Natais, até outros sonhos!
Carla

Unknown disse...

olá!!
Recebido o mimo.
E retribuído.

maria p.
Recebido o afecto.
E retribuído.

gabriela
Um texto... somente.
A poesia mora no canto.chão.
Li e gostei... muito!

mary
Esse livro devia ser uma delícia...


Será esta a "inutilidade de fazer pensar"?
Se eu fosse anarquista... seria "tó-tó" tal a (minha) inutilidade!
Bom proveito, vegetariano-que-teve-uma-pressão-de-ar"!

madalena
Pois é...
Não endireitamos o mundo... Mas se ele passa perto e torto... que tal um pontapé?

piedade
Também eu... com muito ingenuidade.
Mas há "gente" que consegue... mudar!

carla
Outros?
E os de hoje?

Melga do Porto disse...

Sempre me recusei a oferecer aos meus filhos “armas”, ou similares.
Durante muito tempo tive que argumentar com eles, porque o fazia.
Argumentava, porque afirmavam que todos tinham.
Em que eram eles diferentes, questionavam-me.
Um dia, já depois de alguns anos, tive que levar ao médico o mais velho.
Questões temperamentais estavam por detrás. Sabia eu a quem ele saía.
Só que no meu tempo, era o meu tempo.
A certa altura diz o médico, pois de psiquiatria, estamos a falar.
- Vê! Se lhe tivesse comprado umas “pistolhas”, esta “fúria” era capaz de estar dissipada.
Fiquei no chão. Para além do incrédulo o ainda ter dito na presença do meu filho…
Mas não julguemos uma floresta, por uma única arvore apenas :)
Assim me tentei convencer e argumentar com o garoto!
Santo Natal e um 2008… nem sei que diga!

Unknown disse...

melgadoporto
Essa!
Sempre a aprender...
Mas... tens razão: uma árvore não é uma floresta... embora não deixe de ser uma árvore.
Obrigado!

Luís Galego disse...

Se te derem uma arma
de plástico,
com gatilhos e balas
de plástico,
devolve-lhes em saco
de plástico,
com um presente mole
e de plástico

belo poema, extraordinária mensagem!!!

Unknown disse...

luís g.
O que são os gostos e as sensibilidades...
Um abraço!

Raquel Branco (Putty Cat) disse...

Agora podes encontrar-me aqui:

http://oladobdalua.blogspot.com/

Beijo

Unknown disse...

putty cat
Lá irei...

as velas ardem ate ao fim disse...

Um grande sorriso!

bjo

Unknown disse...

vela
Outro... para ti!

Anónimo disse...

Os de hoje têm uma mística diferente, pelo menos o deste ano perdeu a magia...
...mas desejo-te um óptimo NATAL
Carla

Unknown disse...

carla
És capaz de ter razão...
Nota-se!