segunda-feira, 12 de junho de 2006

garantiu-me a dor....


eugenio recuenco

em mim
as lágrimas movimentam-se em círculo
de dentro por fora para dentro de novo

de mim
renascem na hum(an)idade dum saco
desatam nós de angústia no estômago
afrouxam dedos em garra entranhados
enfraquecem a fúria irada das saudades
afloram renitentes à saída dos olhares
cintilam e lavam num baile mandado
transbordam salgadas pingo em gota
desaguam nos lábios áridos
dessalgam-se nas papilas
e regressam pura água
ao saco das lágrimas

a mim
garantiu-me a dor
ontem à noite
ao serão
à saída

daniel

13 comentários:

Unknown disse...

lindoooooo..... tu e o texto... sente os meus lábios na tua testa,,, um beijo comsentir

Unknown disse...

"ailéh"
O gozo infinito de brincar com as minhas palavras...
Consentido o beijo mesmo que na testa! Respeitinho!

daniel

Micas disse...

Em circulo, porque só o circulo é perfeito.
Estive a por a leitura em dia. As palavras escorrem-te dos dedos com extrema facilidade. Pura fascinação de cada vez que aqui venho. Grata.

Beijos

Unknown disse...

"micas"
Gosto da imagem da perfeição do círculo... Nunca tinha pensado nisso: de facto, não há princípio nem meio nem fim...
Por vezes, tenho a sensação que as palaras têm vida própria... Pura ilusão!
Mas se elas te fascinam e te parece escorrer-me pelos dedos... fazes-me feliz. Pura necessidade!
Grato pela tua gratidão.

Beijo.
daniel

Goticula disse...

Belíssimo...
A osmose entre dois elementos: Ser e água.
Não seram os dois a mesma coisa?
O que seria o Homem sem este elemento?
Alma dorida... a gota verte, assim...o nosso "eu" fica em equilibrio.
Tantas e tantas vezes, a lágrima escorre em silêncio.
Tantas e tantas vezes nocturnas...
Eu que o diga!
beijinho

Unknown disse...

"gotícula"
Quem melhor de que tu para me perceberes... hoje?
E... como lês! Diz quem sabe que somos, sobretudo, água... E, por fim, cinzas... porque sem água!
A dor afiançou-me ser assim o cí_(r)_c_(u)_lo da lágrima... Será... Seja!
É verdade! Os homens também choram e não só de madrugada...

Outro.
daniel

lisa disse...

Quando tiveres uma lágrima de tristeza, parte-a ao meio, dá-me metade e chorarei contigo. Quando eu tiver um sorriso de alegria dou-te inteiro só para te ver feliz.

Beijos.
:-):-)

Unknown disse...

"lisa"
Temos tanto para dar e receber que até chateia que haja gente que não queira!

Beijo.
daniel

Non disse...

A dor não escolhe hora. Entra como poeira nos ohos em dia de vento e instala-se.

Bom poema.

:)

Unknown disse...

"nome"
Outro o teu caminho da dor...
De fora para dentro mas sempre pelo olhar...
Obrigado pela achega!

daniel

¦☆¦Jøhη¦☆¦ disse...

Bom dia!

De elevada beleza e riqueza este teu texto. Gosto da forma como se assume como uma reflexão, como descreves o movimentos das lágrimas... por vezes... são inevitáveis, e se há algo que já compreendi... é que um homem também chora.

Um abraço, João

Unknown disse...

Bom dia, João!
Obrigado pelas palavras deixadas e, sobretudo, pela visita!
De facto, um homem também chora e não só no silêncio escuro da madrugada...

Um abraço. Volta sempre.
daniel

Unknown disse...

"palmira8"
Concordo.
Seja bem-vinda/o aos "Brincos..."
Volte sempre.

daniel