sábado, 3 de junho de 2006

... o texto que ela não lerá...


eugenio recuenco

Noite morna de sábado, pelas onze e meia. Junho.
Um recanto mais iluminado dum bar de hotel. Música
calma em fundo. Retocava escritos para domingo, na
sessão de autógrafos.


- Quer atender?
- Para mim?
- Sim.
- Quem é?
- Não sei. Uma voz feminina. Quer...?
- Passe... Sim? Sim, sou eu...
- Quarto 204. Sobes?
- Mas quem é?
- Sobes?
- Subo...

Fechei a porta atrás de mim e tenteei a escuridão.

- Sou eu quem decide. Não há luz. Vem.
(...)
- Não há BI! Deita-te bem junto a mim.
(...)
- Vem!

Nessa noite, crestei-me em labaredas e brasas recônditas.
Saboreei repetidos e profundos gemidos convulsivos.
Viagem eterna de dolente e sôfrego carrossel.
Adormecemos enroscados num corpo.


Acordei. Regressei ao meu quarto... de mansinho... não fosse despertar a surpresa. Um duche frio. E um táxi até à livraria. Leitura de textos. Diálogos sobre a eventual autobiografia dos conteúdos. Que não. Que sim. Nim...

- Bom dia. O nome?
Dedicava e assinava.
- Bom dia. O nome?
- Sem nome. Conclui a dedicatória que comecei.
" Dei-me toda esta noite..."
E terminei:
"Dou-me todo neste livro. Sente!".
E assinei.
Segui-a. Pessoa entre gente. Perdi-a.

- Bom dia. O nome? Não se importa de repetir?
- Era para oferecer à minha mulher a quem...

Este será o texto que certamente não lerás...

daniel

4 comentários:

Anónimo disse...

Era uma vez... um escritor famoso!
Bjs

Unknown disse...

"o'sanji"
Quem sabe se escritora famosa?

Outros.
daniel

Anónimo disse...

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»

Unknown disse...

Thank you!

daniel